quarta-feira, 21 de março de 2012

Filme: "O ponto de mutação"

 
Filme: "O ponto de mutação"




Sobre “O Ponto de Mutação”, é possível dizer que se trata de um filme instigante que pode contribuir com o entendimento do que seja um pensamento multifacetado do mundo. O enredo (ou pretexto para seu desenvolvimento) é simples, mas bem elaborado, para o seu objetivo: uma cientista que vê seus ideais traídos e desencantada com o projeto Guerra nas Estrelas, um candidato à presidência dos Estados Unidos e um dramaturgo em crise se encontram em um castelo medieval de Mont Saint Michel, no litoral da França . Em um único dia, os três invocam Descartes, Einstein, ecologia, política, física quântica, poesia e tecnologia para compreenderem os paradigmas do futuro.

Com seus diálogos bem engendrados, os três personagens nos fazem alcançar uma nova visão de mundo, a qual estabelece relação de tudo com tudo. Esse novo paradigma bate à porta da própria condição humana atual, por meio dos processos de convivência e interação - muito embora de forma ainda refreada, incipiente - e é, no nosso caso, o grande desafio dos professores, já que terão que contrapor esta concepção com a visão fragmentada do conhecimento, praticada no cotidiano escolar.

O filme baseia-se no livro de mesmo título, de autoria de Fritjof Capra, cujo grande tema são as forças sociais, políticas, econômicas e suas tendências e que sugere que todo ponto de mutação consiste na passagem do velho para o novo, no renovar o já envelhecido. Para que isto ocorra de maneira eficaz teremos que vencer o grande problema da humanidade como um todo: a percepção. Se a visão do homem é igual à visão de mundo e não gostamos do que vemos, nós temos que mudar nossa visão em relação a ele. A revolução da física moderna traz consigo novos valores e novas formas de ver o mundo.

O Ponto de Mutação investiga as implicações e impactos do que tomava a forma de uma mudança de paradigmas, com seu ponto de partida na observação de que os principais problemas visíveis do século XX - ameaça nuclear, destruição do meio ambiente, desigualdades e exploração gritante entre Norte e Sul, preconceitos políticos e raciais, etc. - são todos sintomas ou aspectos diversos do que, no fundo, não passa de uma única crise fundamental, que é uma crise de percepção, uma percepção distorcida baseada no individualismo e na separatividade entre pessoas, coisas e eventos. Esta crise é promovida quando, pela educação, cultura e ideologia dominantes, nós e nossas instituições adotamos conceitos e introjetamos valores que, apesar de sentidos como obsoletos, servem para justificar e racionalizar sentimentos menos nobres como a avareza, por exemplo.

O atual paradigma, que já nós deu inúmeras mostras de esgotamento e de incapacidade de solucionar inúmeros problemas básicos e existenciais do ser humano, vem dominando amplamente nossa cultura e educação há quase 400 anos. Tal paradigma, que Capra chama de newtoniano-cartesiano, teve um impacto benéfico ao libertar a razão das amarras da superstição e do controle eclesiástico, mas foi, com o tempo, hipertrofiado. Ele consiste numa série de idéias e pressupostos, com determinados valores implícitos, que acaba por ser o referencial subliminar de nosso modo de entender o mundo já que é a base filosófica pela qual a ciência se apóia.

O paradigma newtoniano-cartesiano pressupõe, de uma maneira geral, que o universo que nos engloba é uma grande máquina mecânica - ou age como tal - que é inteligível se nós nos lembrarmos de que ela, tal como um relógio, nada mais é que um composto, formado por pequenas partes elementares, os átomos.

Porém, desde a revolução promovida por Einstein na Física, e com o abalo feito em nossos pressupostos clássicos pela mecânica quântica, passando por eventos e questionamentos sociais, toda essa visão de mundo passou a ser severamente questionada e, com a evolução subseqüente, tem mostrado sérias limitações que exigem uma revisão radical.

A questão da mudança radical nos conceitos de espaço, tempo e matéria, que adveio da Física Moderna é apresentada de forma mais acessível em O Ponto de Mutação. Em especial, durante toda a obra, Capra faz uma crítica fundamental à mentalidade analítica e fragmentadora da ciência normal, em especial, às ciências que tomam o método analítico da Física Clássica de Newton como modelo que deve ser seguido para erguer as demais ao status de ciência perante a comunidade acadêmica. 

O filme propõe que é mais correto se falar em eventos e inter-relações como a descrição da realidade do que dizer que determinadas partes atuam de tal ou tal forma para definir o todo. Esta é exatamente a mesma idéia da Ecologia: somos frutos em interação do ambiente natural, e não independentes dele. O que fazemos contra a natureza fazemos, de modo brutal e estúpido, a nós mesmos...

No final, o que Capra deixa bem claro é o seguinte: A sobrevivência humana, que é ameaçada por várias ações igualmente humanas advindas de uma visão de mundo mecanicista e fragmentada, só será possível de formos capazes de mudar radicalmente os métodos e os valores subjacentes à nossa cultura individualista e materialista atual e à nossa tecnologia de exploração do meio ambiente. Esta mudança deverá, logicamente, refletir-se em atitudes mais orgânicas, holísticas e fraternas entre os seres humanos e entre estes e a natureza, em todos os seus aspectos.

Fonte: http://www.overmundo.com.br/banco/resenha-do-filme-o-ponto-de-mutacao

 A partir disto e do que foi assistido e discutido em sala de aula sobre os primeiros levantamentos da discussão sobre ciência, fica para vocês a pergunta:

Qual a relação entre ciência, ética e política???

Comentem, participem!

12 comentários:

  1. Vamos lá...
    Comentem, coloquem suas opiniões, dúvidas...
    Este espaço foi criado para vocês!!!

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  2. Vejam:

    A ciência em si- Gilberto Gil
    http://letras.terra.com.br/gilberto-gil/316674/

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  3. O filme nos mostra três mundos distintos, que se conversam, mas não se entendem, o da cientísta que quando descobre que seu trabalho de descobertas para "melhorar" o mundo está sendo usado politicamente para quem tem o poder nas mãos e que não é para melhoria da população e sim para sua destruição. O político que faz sua proposta política baseado no que querem que ele faça, porque o povo aceita a ilusão do que não vai ser cumprido, e as propostas de quem mais os enganam,se não for deste modo ele não terá votos,mesmo tendo pensamentos e até uma boa proposta política mas que não deve ser colocada em prática já que não se vence eleição dessa maneira. E o poeta que vive sua idealização de mundo, buscando nos seus poemas de as as explicações dos acontecimentos dentro si e com a sociedade.
    Nestes conceitos tão diferentes vemos que a ciência tem sua ética que alguma das vezes é violada por interesses políticos e financeiros e que a política não vive ética nenhuma, pois ética não traz votos.

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  4. Olá! a ciência, a ética e a política devem adar juntas pois a ciência e pertinente para o mundo das descobertas e desafios da vida contemporânea, porém estas descobertas devem ser realizadas com muita ética e profissionalismo, assim deveria ser a política e principalmente os nossos políticos, que são os fazem a nossa política no nosso Brasil, com estes três pontos, as nossas vidas seria bem melhor, em um país com mais justiça social e oportunidades igualitárias pata todos.
    Betania

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  5. Ciência,politica e ética devem se articularem,pois o desenvolvimento de um país e o bem estar de uma sociedade depende das descobertas da ciência,mas cabe aos políticos terem ética e fazerem com que essas descobertas sejam postas em prática,com o intuito de de beneficiar a todos.

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  6. A ética deveria ser indistinta da política e da ciência, entre as duas últimas não deve haver um jogo de interesses que não observe princípios éticos.
    Cabe a política viabilizar a ciência e a destinação correta de seus frutos, não usando isso como moeda de troca. Assim como a ciência deve prezar pela retidão de princípios e objetivos, sendo sempre usada para fins úteis a humanidade.

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  7. Entre ciência, ètica e política existe uma relação vital para o desenvolvimento de um país, por isso devem andar juntas no intuito de fazer um mundo melhor.

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  8. A ciência é um bem social que leva a humanidade a evoluções. Através dela são feitas várias descobertas e com estas somos beneficiados.
    A ética é um conjunto de princípios morais que vamos adquirindo durante nossa vida.
    A política é a arte ou ciência de governar.
    Estes três pilares estão ligados uma ao outro, ou pelo menos deveriam estar. O filme nos instiga a pensar da seguinte forma: a política deveria apoiar a ciência, financiando suas experiências e utilizando-as para benefício da sociedade, e estes dois pilares deverão estar fundamentados na ética, para que assim eles estejam de fato relacionados!!

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  9. O filme relata uma conversa entre três personagens bem distintos, uma cientista, um político e um poeta. Nesta conversa percebemos alguns discursos muitos interessantes e relevantes.
    Quando escutamos a frase que encontra-se na entrada do palco inicial da discussão, ou seja no palácio: “Nenhum santo sustenta-se só”.
    Podemos compreender que essa frase basicamente resume a idéia que o filme trás sobre a importância das relações, na qual nenhum homem vive sozinho como se “fosse uma ilha”.
    A cientista trás à conversa a ideia principal desse discurso que é a importância dessa relação, homem/natureza e homem/ semelhantes. Pois em tudo há uma relação mesmo no material e no abstrato, entre o homem e a sua criação. As quais necessitam ser harmônicas para que sejam funcionais.
    Assim como devem existir uma co-relação positiva entre as questões científicas, políticas e éticas para que haja uma mutação harmônica na sociedade como um todo.
    WANESSA LINS

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  10. No filme Ponto de Mutação existem duas linhas de pensamentos confrontadas diretamente: o pensamento mecanicista e o pensamento holístico. O envolvimento dos personagens ocorre quando se discute sobre um relógio antigo localizado no castelo medieval, onde a cientista que conduz o diálogo entre os personagens, critica os políticos por sua visão mecanicista. Ela defende a ideia em que o mundo precisa ser analisado como um todo e sem separações entre as relações políticas, éticas e científicas. Apesar de monótono, é um filme interessante, pois nos leva a uma nova forma de ver a realidade. Essa nova visão é sistemática, uma vez que não olha simplesmente o objeto isolado, mas sim o conjunto, numa percepção coletivista de vida onde tudo está interligado. Portanto ciência, ética e política devem estar sempre conectadas pra que seja possível beneficiar a sociedade como um todo.

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    1. O roteiro do file O Ponto de Mutação se passa em um castelo na França e possue três personagens principais, os quais iniciam uma dialética em entre a ciência, representada pela cientista, a política, representada pelo político e o moral representada no filme pelo poeta, ambos discutem sobre como a sociedade se articula, são colocadas em questão o modelo ecológico, onde as situações são vistas de maneira integrada, e o cartesiano, no qual os acontecimentos e fatos são abalizados separadamente.
      O filme trás a tona questões morais sobre a gestão da sociedade, do uso das tecnologias e das ciências, diálogo possue elementos que nos propicia a refletir sobre o trabalho científico, a utilização desse trabalho na sociedade e as relações estabelecidas a partir deles.
      Podemos então concluir que a ciência, a ética e a política se relacionam de forma colaborativa, pois a política gere os recursos que a ciência disponibiliza e a ética deve estar presente nos dois.

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  11. A ética moral está relacionada com valores pessoais que regem a vida do ser humano dando a ele possibilidade de lidar com sabedoria situações que vão contra seus princípios. Sendo ela, fundamental na construção de um profissional sério e competente, pois toda área do conhecimento dispõe de regras e resoluções que delimitam as funções de cada indivíduo no exercício de suas atividades.
    Não sendo diferente na ciência e na política, no entanto, convém ressaltar o antagonismo existente no exercício de ambas, pois nem sempre elas são utilizadas visando o bem-estar da sociedade, sendo por vezes o capitalismo desenfreado. São o materialismo e o individualismo sobrepondo os preceitos morais. Enfim, prefiro acreditar que um dia seremos capazes de aliar ciência, ética e política para a construção de um mundo igualitário sem tanta injustiça.

    Juliane Bezerra.

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